Sustentabilidade não é opção, mas sim obrigação!

A preocupação com a sustentabilidade do nosso planeta e com todos os problemas que acabam por lhe estar associados, que vão desde as alterações climáticas às necessidades de termos mais e melhor água, alimentos e, para tudo isto, uma energia ecossustentável, não é um tema novo. Já em 2015, na ONU, 150 líderes mundiais adotaram uma agenda a ser implementada até 2030 com 17 objetivos concretos de desenvolvimento sustentável. Além disso, na conferência das Nações Unidas sobre o clima (COP21) realizada em Paris nos finais de 2015, foi assinado um acordo por 195 países, incluindo a União Europeia, em que um dos pontos principais é manter o aumento da temperatura média global “abaixo dos 2 graus centígrados” e continuar a envidar esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5 graus centígrados. Este objetivo visa uma diminuição drástica das emissões de gases com efeito de estufa, através de medidas de poupança de energia e de mais investimentos em energias alternativas, em particular nas de origem renovável. Além disso, pretende-se também que nos processos de desenvolvimento tecnológico tentemos mimetizar a natureza, isto é, reduzir a utilização de materiais e centrar todo o nosso de-senvolvimento usando materiais e tecnologias verdes, amigas do ambiente, o que nos vai decerto levar a desenhar e produzir novos materiais capazes de satisfazerem as nossas necessidades de dar conforto e bem-estar aos cidadãos e, simultaneamente, as condições de ecossustentabilidade. Isto é, que se comportem como “autênticos seres vivos” capazes de realizar funções complexas! Para além de todas estas iniciativas a nível mundial e das nossas esperanças de criar e desenhar um futuro melhor para todos nós, a Comissão Europeia também está atenta a estes problemas, através do seu grupo de conselheiros científicos. Este grupo, no âmbito da comissão de alto nível de apoio à Comissão Europeia, tem trabalhado em várias opiniões com recomendações concretas, baseadas na evidência científica, em conjunto com as cinco associações de academias europeias que envolvem mais de cem academias em mais de 40 países da Europa, abrangendo as disciplinas de engenharia, humanidades, medicina, ciências naturais e ciências sociais. Um dos principais estudos efetuados teve a ver com as emissões reais de CO2 de veículos ligeiros, que foi utilizada para a nova legislação que define as normas de desempenho em matéria de emissões dos automóveis novos de passageiros e dos veículos comerciais ligeiros novos como parte da abordagem integrada da União para reduzir as emissões de CO2 dos veículos ligeiros. Além deste estudo, e ainda na área das emissões de CO2, um outro que foi efetuado visou a captura e utilização de CO2, nomeadamente para o fabrico de novos materiais e produtos. Muito embora existam situações em que vai ser difícil a eliminação das emissões de CO2 (caso da aviação e transportes marítimos neste horizonte temporal de dez anos, que condicionaria de forma grave os processos de mobilidade de pessoas, bens e produtos neste mundo que cada vez se quer mais global), há outras alternativas em que o CO2 pode ser encarado não como um inimigo, mas como um amigo, e isso só é possível com mais investigação e desen-volvimento tecnológico. Isto é, ninguém vai deixar de andar de avião mesmo sabendo que é uma fonte de poluição! Temos também de arranjar alternativas que promovam um bom aproveitamento dos materiais poluentes e que estes também possam ser utilizados de forma sustentável! Para isso temos de nos apoiar no espírito criativo de homens e mulheres que seguramente irão gerar as condições de que necessitamos para mantermos e promovermos de forma sustentável este planeta, que é único! Não existe alternativa e, portanto, não podemos falhar! Espero, assim, que nos próximos dez anos exista uma maior consciência por parte da sociedade no seu todo e, em particular, do poder político para criar as condições que nos permitam dar os passos disruptivos de que precisamos. Para isso é necessário que se cumpra o objetivo de se aumentar o investimento na área da ciência e tecnologia, de forma a chegar-se a 3% do PIB em 2030. Caso contrário, não conseguiremos atingir as metas definidas e poderemos atingir uma situação de irreversibilidade. Lembrem-se que não existe segunda oportunidade para os erros que cometermos agora contra o nosso planeta!