Destaque relativo ao mês de Outubro da revista UP, distribuída a bordo dos aviões da TAP. “Portugal Connected” i3N (Pólo de Aveiro)

Portugal connected

on Oct 1, 2016

A pulsação científica e tecnológica do país acelerou e não vai abrandar. Cinco das principais cidades portuguesas estão na linha da frente da inovação e do empreendedorismo. Este é um território altamente atraente para startups e pensadores. Está a acontecer uma revolução. Siga um roteiro de norte a sul, onde tudo acontece e muito mais vai acontecer.
 
1 – LISBOA
Na capital portuguesa fervilham mil e uma ideias. A cidade é um dos destinos fundamentais da Europa para startups e empreendedores.
Lisboa Parque das Nações

 

Startup Lisboa
Surgiu em 2011 e “tem um ADN curioso”, diz o presidente Miguel Fontes: nasceu do Orçamento Participativo de Lisboa – os próprios munícipes votaram pela criação da estrutura, numa parceria entre a Câmara Municipal, o Instituto de Apoio a Pequenas e Médias Empresas e o banco Montepio Geral. Enquanto incubadora de empresas de “referência, quer na capital, quer em todo o país”, o objetivo é ajudar empreendedores a desenvolverem ideias de negócio com foco em três eixos: tecnologia, comércio e turismo, desde que cumpram as premissas para serem considerados startups, ou seja, serem negócios inovadores, com capacidade de internacionalização, potencial de crescimento rápido e pensados para captarem investimento. Nos dois edifícios localizados na Baixa da cidade estão atualmente incubadas 100 empresas, 50 virtualmente e 50 que operam a partir dos escritórios, pagando rendas “muito baixas”. Em quatro anos e meio já foram apoiadas cerca de 200. “Dessas, há um grupo de dez que se distingue por ter criado mais de mil postos de trabalho.” Um exemplo ? “A Uniplaces, que ajuda estudantes a encontrarem alojamento temporário. Eram três trabalhadores, agora são 150 e estão a ganhar novos mercados” (saiba mais sobre a Uniplaces na nossa secção 24 Horas). Na grande maioria as startups são de base tecnológica, mas há exceções, como a Nata Lisboa, um franchising de pastéis de nata que começou aqui mesmo e que já estendeu os tentáculos a cidades como Porto, Braga, Barcelona, Paris ou Berlim. “Somos muito seletivos, mesmo correndo o risco de um dia nos dizerem ‘vocês foram aqueles que não quiseram gravar o disco dos Beatles’”, brinca Miguel Fontes. Candidaturas são cerca de 80 de dois em dois meses. E dessas apenas quatro ou cinco são incubadas. Além de escritórios de renda baixa, a Startup Lisboa tem uma residência com 14 quartos para apoiar os empreendedores e um novo espaço no Aeroporto Humberto Delgado, o Airport Business Center, posto ao serviço do reconhecimento de Lisboa como “ecossistema empreendedor cheio de gente talentosa”, através do qual pretende sustentar a actividade, facilitando a execução de novas ideias de negócio.

 

Bright Pixel
No princípio da Rua da Emenda, no centro de Lisboa, Celso Martinho, fundador do Sapo – o maior portal português de internet –, juntou um conjunto de pessoas com experiência no desenvolvimento de tecnologias da informação e designers capazes de transformar uma ideia num negócio. A Bright Pixel (BRPX), “company building studio” criado em 2015 em parceria com a Sonae Investment Management, fornece um espaço para startups em qualquer estádio de desenvolvimento. Há quem chegue lá apenas com uma ideia, quem venha à procura da melhor maneira para converter ideias em protótipos e negócios, quem procure a melhor forma de criar uma empresa. Os empreendedores escolhidos para integrar a BRPX terão acesso às instalações, a formação, tecnologia e apoio legal, além de poderem aceder à rede de parceiros da BRPX. A ligação a grandes empesas, incluindo algumas das referências do grupo Sonae (um dos mais relevantes grupos económicos nacionais), como a rede de lojas de eletrodomésticos Worten, os hipermercados Continente ou a teleoperadora NOS, permite à BRPX testar os produtos numa fase muito inicial, “percebendo os requisitos e necessidades do mercado”, evitando erros de conceção e estratégia. Na fase de incubação, a BRPX pode investir até 250 mil euros, subindo para os 500 mil euros para a criação de novas empresas, neste caso ficando com uma participação minoritária nas startups.

 

Portugal Ventures
Em média a taxa de sucesso de startups não vai além dos 40%, um valor que afasta os investidores mais tradicionais. Mas como para tudo é preciso dinheiro, a Portugal Ventures, investidor de capital de risco público, chega-se à frente para apostar em novas empresas inovadoras, focando-se em investir nas que pretendam “desenvolver novas tecnologias e novos produtos, fazer a prova de conceito, teste no mercado e a sua comercialização a nível internacional”. Celso Guedes de Carvalho, presidente da Portugal Ventures, diz que a plataforma investe anualmente cerca de 30 milhões de euros, seja em “novas empresas, seja em reforços de investimento em empresas participadas”, preferindo fazê-lo “em regime de parceria e sindicação de investimento com outros acionistas nacionais e internacionais”. Nos últimos três anos recebeu mais de mil projetos, dos quais cerca de 60 levaram à criação de novas startups. Desde 2012 já investiram mais de 77 milhões de euros em 81, das quais 74 ainda fazem parte do portefólio da empresa. Agora a Portugal Ventures aposta numa presença internacional – está nos EUA, Reino Unido e Alemanha – com vista a aperfeiçoar e desenvolver “os modelos de negócio e estabelecimento de redes globais de mentores, especialistas e consultores, board members e investidores”.

 

Productized
Ter uma ideia não serve de nada se não chegar ao mercado, de preferência com grande estrondo, chamando a atenção de milhares de pessoas. André Marquet acredita que em Portugal há boas ideias, mas é preciso uma “mentalidade de produtização” capaz de criar “produtos únicos e experiências superlativas para os clientes”. Em 2015 lançou a Productized, organização sem fins lucrativos que quer incentivar a comunidade do desenvolvimento de startups de hardware. Este ano organizou um bootcamp que reuniu mais de 100 inventores em cinco dias de mentoria e desenvolvimento, apoiando os empreendedores com laboratórios e equipamentos específicos para protótipos, e prepara-se para reunir em Lisboa “os melhores especialistas mundiais, nas áreas de design de produto e de experiência de serviço”. A segunda edição da Productized Conference, que acontece entre 19 e 21 de Outubro, destina-se a “startups mais maduras, com alguns anos de mercado e que estejam já a desenvolver os seus produtos”. “Precisamos muito disto, culturalmente nunca apostamos muito na criação de produtos tecnológicos de alcance mundial”, diz André Marquet.

 

Beta-i
beta-i
O ecossistema de start-ups português não é um exclusivo de Lisboa, mas é na capital que se encontra aquele que é um dos mais importantes dinamizadores deste novo mundo. A Beta-i, organização destinada a criar e educar novas gerações de empreendedores, nasceu no final de 2009 para tirar os portugueses da crise. “A primeira coisa que tentámos fazer foi inspirar as pessoas. Estávamos no meio da crise, e se as pessoas se não encontravam emprego podiam criar o próprio”, conta Ricardo Marvão, fundador da associação. Para isso apostaram no desenvolvimento de uma rede de empreendedorismo e criaram condições de aceleração de startups com ambição mundial, oferecendo espaços de incubação com serviços e produtos focados nesse objetivo. Em seis anos já recebeu 2700 candidaturas e acelerou mais de 430 startups. A Beta-i é ainda responsável por alguns dos mais relevantes eventos já realizados em Portugal, como o Lisbon Investment Summit ou Silicon Valley Comes to Lisbon. No final de setembro editou o Startup Guide, que pretende ser uma fotografia do ecossistema nacional de empreendedorismo.

 

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2 – PORTO
Na segunda maior cidade de Portugal vibram uma universidade e um parque científico-tecnológico revolucionários, ligados ao mundo empresarial.
EGiDiO SANTOS Universidade do Porto

 

Universidade do Porto
A inovadora garrafa de gás Pluma da gasolineira Galp, as cervejas sem álcool e de sabores da Unicer e as células fotovoltaicas desenvolvidas em parceria com a Efacec (cuja patente foi vendida por cinco milhões de euros a uma empresa australiana) são apenas alguns exemplos das aplicações no mundo real resultantes do mundo da Universidade do Porto: 14 faculdades, uma escola de negócios, nove unidades de investigação, 49 centros de inovação e 183 patentes ativas. O pró-reitor para a Inovação e Empreendedorismo, Carlos Melo Brito, destaca o reconhecimento internacional e vasta produção científica, “assumindo há largos anos o papel de maior produtor de ciência em Portugal”. A universidade transfere conhecimento para o tecido empresarial com base em três vertentes: proteção e comercialização de propriedade intelectual; promoção de spin-offs e startups oriundas do meio científico; e realização de projetos conjuntos com atores económicos, bem como prestação de serviços de valor acrescentado. Brito garante que “os resultados são francamente positivos”, destacando-se o papel decisivo de estruturas como o UPTEC, o UPIN – Universidade do Porto Inovação, os institutos de interface e dezenas de centros de investigação. O pró-reitor acrescenta ainda que a instituição criou “um verdadeiro ecossistema de inovação” que se insere na missão da universidade “contribuindo para a competitividade da economia e, consequentemente, para um país mais rico, mais desenvolvido e com menos assimetrias sociais”.

 

UPTEC
omniflow

 

O Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC) dedica-se desde 2007 à valorização económica e social do conhecimento gerado. Divide-se em polos temáticos – Tecnológico, Criativo, Biotecnologia e Mar – numa estratégia de cluster e partilha de recursos entre startups, centros de inovação e projetos-âncora e faz a ponte com uma rede alargada e transversal de parceiros nacionais e internacionais. Apoiou o desenvolvimento de mais de 370 projetos empresariais, em áreas tão variadas quanto a nanociência, nanotecnologia, novos materiais, produção, energia, saúde, alimentação, biotecnologia, tecnologias da informação e comunicação, média digitais, arquitetura, marketing interativo e produção de conteúdos. Paralelamente, o UPTEC criou uma ligação direta com a Câmara Municipal do Porto através do programa ScaleUp Porto, para a promoção do crescimento das empresas com potencial para escalar internacionalmente e, refere a autarquia, “procura ser objeto da estratégia do município para a criação de um laboratório vivo”. Os responsáveis concluem que “a cidade dá especial importância a medidas que fortaleçam este ecossistema de inovação, a criação de redes nacionais e internacionais, a criação de sinergias e a redução da fragmentação”. A autarquia desenvolveu ainda uma competição – Desafios Porto – onde empreendedores e empresas submetem soluções inovadoras para a cidade. Das startups vencedoras este ano destacam-se a Healthy Road, que desenvolve um sistema de análise biométrica capaz de prevenir acidentes rodoviários devido à distração e sonolência; a Omniflow, que transforma a energia do vento e do sol em corrente elétrica; e a siosLIFE, que otimiza tecnologias de interação dirigidas a cidadãos seniores.

 

3 – BRAGA
Tecnologia da medicina, saúde digital, nanociência: a vanguarda do mundo académico para aplicar no mundo todo.

 

Universidade Minho

 

Startup Braga
As agências de promoção, as incubadoras e as diferentes entidades promovem a ponte entre os resultados da investigação e o mundo do trabalho. Esta reunião é a ideia que preside à InvestBraga, braço económico da cidade de Braga, e que, segundo o diretor Carlos Oliveira, “atua em sinergia com a Universidade do Minho [sedeada naquela cidade], os centros de investigação, os empreendedores, as scaleups e as grandes empresas, para promover a ambição global das startups que aqui se instalam”. A StartupBraga, lançada pela InvestBraga, acompanha empreendedores nas diversas fases do ciclo de vida mas, segundo o responsável Tiago Gomes Sequeira, o foco da atividade “está nos verticais da economia digital, tecnologia de medicina, saúde digital e nanotecnologia”. A StartupBraga desenvolve parcerias de forma a gerar mais valor. Um exemplo é a colaboração com a Escola de Ciências da Saúde e o Centro Clínico Académico, e também o hospital de Braga. “É fundamental para fornecer conhecimento, mentoria, serviços e espaços especializados às startups que fazem parte da comunidade.” Entre outras empresas, da Startup Braga saíram dois projetos ligados à medicina: a Peekmed, com software orientado para a cirurgia, e a Performetric, que criou uma ferramenta que mede a fadiga mental em tempo real.

 

Universidade do Minho
Entre Braga e Guimarães, a Universidade do Minho (UMinho) apostou fortemente nos cursos e projetos científicos que ganharam forte reconhecimento internacional. Segundo o pró-reitor, Fernando Alexandre, a UMinho “tem-se destacado em várias áreas de investigação, nomeadamente nas nanociências, nanotecnologias, materiais e novas tecnologias de produção, tecnologias de informação e comunicação, alimentação, agricultura e pescas, e biotecnologia”. Há um grande número de projetos financiados pela Comissão Europeia e diversas parcerias nacionais e internacionais, como os programas conjuntos com o Massachusetts Institute of Technology, a Universidade de Carnegie Mellon University, Universidade do Texas em Austin e o programa Harvard Medical School. Em 2015 registou 47 novos pedidos de patentes e foi a universidade nacional com maior número registado no Instituto Europeu de Patentes. Nos últimos dez anos a UMinho atribuiu o estatuto de spin-off a mais de 40 empresas, que representam vendas superiores a seis milhões de euros. Os mais de 30 centros de investigação ligados a várias áreas do conhecimento podem encontrar no Liftoff – Gabinete do Empreendedor da Associação Académica da UMinho uma forma de ajuda na criação de condições sociais, económicas e culturais que facilitem, apoiem e incrementem a qualificação contínua do empreendedorismo.

 

Ventominho
Ventominho
Durante quatro dias consecutivos, entre 7 e 11 de Maio de 2016, Portugal esteve um total de 107 horas abastecido totalmente com energias renováveis provenientes do sol, da água e do vento. Uma das empresas que contribuiu para estes dias de emissões zero de gases com efeito de estufa foi a Ventominho – Energias Renováveis, que faz parte do universo da Empreendimentos Eólicos do Vale do Minho (EEVM), criada a partir de uma iniciativa da Associação de Municípios do Vale do Minho e que inaugurou em 2008 como o maior parque eólico da Europa. A EEVM desenvolve projetos de aproveitamento do potencial do vento, dos quais fazem parte quatro parques. Até ao final de 2015 estes produziram energia elétrica de origem renovável equivalente ao consumo anual de 560 mil habitantes e à redução de 293 mil toneladas por ano de emissões de CO2. Além da ampliação de dois parques eólicos num investimento adicional de 32 milhões de euros, a EEVM desenvolveu um cluster tecnológico relacionado com a energia eólica em Portugal que envolve universidades, centros de I&D, gabinetes de engenharia e unidades industriais.

 

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4 – AVEIRO
Mais de 300 projetos de I&D, entre eles novas formas de iluminação, colaboração na luta contra o cancro e etiquetas de ADN. Um campus imparável produtor de spin-offs.

 

Aveiro

 

Universidade de Aveiro
A Universidade de Aveiro (UA) é um dos mais dinâmicos e inovadores polos do país. Criada em 1973, opera em várias áreas, mas é pela excelência da investigação que mais se destaca. Com empresas e outras entidades nacionais e internacionais, partilha diversos projetos e programas e concede importantes serviços de investigação, desenvolvimento e inovação. 2015 foi um ano prolífero para a UA: dos 316 projetos de I&D e de transferência de tecnologia, 80 foram financiados por programas internacionais e europeus (27 pelo 7º Programa Quadro, 13 pelo Horizonte 2020 e 17 pelo Erasmus+). Atualmente participa em 29 projetos do programa Horizonte 2020, coordena três e é o único beneficiário noutros. As unidades de investigação da UA prolongam-se pelas mais diversas áreas científicas: ambiente e mar; materiais cerâmicos e compósitos; nanoestruturas, nanomodelação e nanofabricação; telecomunicações, eletrónica e engenharia telemática; tecnologia mecânica e automação; geoengenharia; saúde; química orgânica de produtos naturais; matemática e aplicações; e muitas outras nas áreas das humanidades e artes – tudo funcionando em relações multidisciplinares.

 

I3N & nu-RISE
O vice-reitor da Universidade de Aveiro para a área da Investigação, José Fernando Mendes, realça entre as tecnologias inovadoras um dosímetro de radiação desenvolvido no Departamento de Física da instituição através do I3N – Instituto de Nanoestruturas, Nanomodelação e Nanofabricação. O projeto tem por missão “tornar mais eficientes os tratamentos de radioterapia contra o cancro, revolucionando a forma e a qualidade com que estes são monitorizados”. O coordenador da equipa de investigação, João Veloso, adianta que “o papel do dosímetro reveste-se de uma importância particular porque permite obter uma medida direta da dose e controlar o modo como esta deverá ser distribuída no paciente”. Esta tecnologia já deu origem a uma empresa spin-off, a nu-RISE, resultante da incubadora de empresas da universidade (que participou no 7th Annual Global Entrepreneurship Summit da Universidade de Stanford, em Silicon Valley) e tem angariado reconhecimento do mérito por várias entidades e prémios de inovação. O dosímetro encontra-se em fase de certificação para braquiterapia prostática, uma das principais formas de tratamento para o cancro da próstata.

 

DNA Trustag
DNA Trustag
 
Uma outra tecnologia inovadora desenvolvida no campus de Aveiro e explorada por uma spin-off, a DNA Trustag, é um código de ADN para marcas comerciais baseado na criação de códigos moleculares únicos de fácil produção e impossíveis de falsificar. Estas etiquetas, não tóxicas, podem ser aplicadas em diversas superfícies e inseridas em qualquer produto (são incorporados através de meios como tinta ou verniz), desde uma obra de arte a uma peça de roupa ou a um telemóvel. Segundo os investigadores do Departamento de Biologia e do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, Francisco Coelho e Newton Gomes, na hora da verificação da originalidade do produto basta “recolher uma amostra do ADN colocado nos produtos autenticados e enviá-la para análise no laboratório”.

 

CICECO
Rute André e respetiva equipa do CICECO – Instituto de Materiais de Aveiro obtiveram melhor qualidade de luz branca, melhor índice de reprodução e temperatura de cor, estabilidade e brilho constante através da criação de um novo LED (light emitting device), usando um material formado por partículas de dimensões nanométricas que contêm uma parte orgânica (baseada em ácidos carboxílicos) e uma outra parte inorgânica (constituída por um mineral à base de alumínio). A receita dos novos LED passa pela utilização de um material que “é produzido com matéria-prima barata, não tóxica e que pode ser encontrada facilmente na natureza em minérios como a bauxite, características desejáveis de um ponto de vista quer industrial, quer ambiental”. Espera-se que num futuro próximo sejam aplicados na indústria da iluminação e utilizados em automóveis, casas ou na iluminação de cidades.

 

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5 – COIMBRA
A mais antiga universidade de Portugal e referência mundial tem uma incubadora poderosa e um parque biotecnológico único.
Laboratorios Sergio Azenha

 

Instituto Pedro Nunes
Criado pela Universidade de Coimbra em 1991, o Instituto Pedro Nunes (IPN) promove a inovação e a transferência de tecnologia e estabelece a ligação entre o meio científico e tecnológico e o tecido produtivo. O IPN dispõe de seis laboratórios próprios de investigação e desenvolvimento tecnológico que proporcionam ao meio empresarial apoio multidisciplinar na criação de produtos e processos inovadores que passa pelo desenvolvimento tecnológico, procura de fontes de financiamento, apoio em propriedade intelectual e acesso a mercados internacionais. Os projetos Iceclay (aerogéis de argila), Turncoat (sensores de temperatura para ferramentas), CogniWin (software de ajuda a trabalhadores seniores), InovWine (gestão de vinhas), MOVE (veículo elétrico de carril, sem condutor) e Soul-FI/Fiware (distribuição de aplicações e serviços web em grande escala de forma fácil e de baixo custo) foram determinantes para o aumento da inovação e competitividade nas empresas parceiras. Outra frente é relativa à incubadora do IPN, cujas empresas dispõem, numa fase inicial, de condições que facilitam o acesso ao sistema científico e tecnológico e de um ambiente que proporciona o alargar de conhecimentos em matérias como a qualidade, gestão, marketing e o contacto com mercados nacionais e internacionais. Por sua vez, a Aceleradora de Empresas, lançada em 2014, é uma infraestrutura de apoio empresarial que atua em parceria com a incubadora, com o objetivo de responder a necessidades específicas de empresas em estado de desenvolvimento mais avançado. Com um volume de negócios anual de 120 milhões de euros em 2015, já foram apoiadas 240 empresas e criados dois mil postos de trabalho altamente qualificados. Active Aerogels, CoolFarm, doDOC, Feedzai (saiba mais sobre esta na nossa secção Português no Mundo), Friday, iClio, Perceive3d e Take The Wind são algumas das empresas aceleradas e incubadas. A incubadora do IPN é ainda reconhecida como uma das melhores a nível internacional e pertence ao top 25 do University Business Incubation Index 2015. Entre outros prémios, destacam-se o primeiro e segundo lugares alcançados, em 2010 e 2008, respetivamente, no concurso internacional Best Science Based Incubator.

 

coolfarm
Juntar as fontes de conhecimento e a tecnologia à capacidade de as desenvolver em produtos e serviços para a escala global é a missão do primeiro, e até à data único, parque de ciência e tecnologia dedicado à biotecnologia em Portugal. O professor universitário e fundador do Biocant, Carlos Faro, explica que aquilo que começou como um projeto de iniciativa da Câmara Municipal de Cantanhede, em parceria com a Universidade de Coimbra e com a Universidade de Aveiro, tornou-se num “ecossistema inovador que ao longo de 11 anos atraiu talento e gente nova, extraordinariamente dinâmica. Hoje é uma referência nacional na área da biotecnologia”. No Biocant Park, onde o desenvolvimento e a investigação são o negócio principal, estão sedeadas 40% das empresas nacionais da área, distribuídas por cinco edifícios. No local existe um mecanismo que permite transformar uma tecnologia, gerada em centros de investigação e em universidades, num projeto empresarial em todas as dimensões, “desde a formação de pessoas e do desenvolvimento até a todo o processo de tecnologia e de chegada ao mercado”. Para além da criação de laboratórios, foi também concebida a Biocant Ventures, instrumento importante para financiar projetos numa fase inicial, em parceria com uma empresa de capital de risco do Porto, a Beta Capital. Apesar de haver uma assunção e um risco elevado, esta aposta foi “a característica diferenciadora do Biocant”. A Crioestaminal foi a primeira empresa do parque e ainda hoje é uma das suas bandeiras. É composta por um serviço de criopreservação das células do sangue do cordão umbilical. Por sua vez, a CEV – Consumo em Verde é, até agora, “o único caso de grande sucesso da biotecnologia portuguesa”. Consiste num fungicida natural, amigo do ambiente, isolado a partir da semente do tremoço e usado na agricultura. Atualmente é um projeto comercializado nos EUA e aprovado pela Food and Drug Administration.

 

por Augusto Freitas de Sousa (Minho), Hermínia Saraiva (Lisboa), Manuel Simões (Aveiro, Coimbra) e Patrícia Brito (Lisboa)